Esse post foi escrito com a ajuda da Danielle Moraes, do Centro de visitantes.
Com o horário de verão e o calor intenso, muitos bichos deixam suas atividades pra mais tarde… Em plena 5ª feira, verãozão, às 16:30, chega a chamada: preguiça no arboreto. Claro que corremos pra ver.
Preguiças descem ao solo 1 ou 2 vezes por semana para urinar e defecar. Elas se deslocam pelo solo também e em áreas onde há interrupções na vegetação essas descidas podem ser mais frequentes para chegarem a árvores que estejam afastadas ou isoladas.
O fato é que o Projeto está registrado fotos das preguiças para identificar cada uma individualmente. E vamos dar “nomes” para todos… As fotos tem que ser feitas do posterior porque as costas da preguiça revelam coisas interessantes: As manchas individuais na pelagem podem ser comparadas e os machos da espécie tem uma mancha negra com a borda alaranjada.
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Pois esse indivíduo, um macho adulto, estava na Aléia das Palmeiras, atravessando o canteiro em direção ao Jardim Japonês. As pessoas ficam encantadas com a carinha fofa e pacífica delas, mas esquecem que são selvagens e potencialmente perigosas. Suas garras enormes podem causar ferimentos graves. São lentas e vulneráveis no solo e sabem disso. Não hesitarão em se defender caso sejam ameaçadas. E algumas vezes, nossas melhores intenções podem ser interpretadas como ameaça.
O melhor a fazer, nesse caso, é dar espaço a elas. Algum objetivo houve na descida e ela vai cumpri-lo. Só devemos resgatar um animal caso haja risco, como uma área densamente povoada, um poste de eletricidade, uma via de carros… Enfim, ali ela estava segura. Era só mantermos o caminho livre.
Dezenas de fotos foram feitas, para deleite dos visitantes, e só foi preciso intervir quando ela começou a ir para a cerca. Acho que ficou intimidada com as pessoas e apenas seguiu em frente. Pegar uma preguiça é perigoso e deve ser feito com treinamento. As garras, repito, são perigosas. MUITO.
Mas ela foi posicionada em uma árvore, abraçou o tronco e subiu, sentando-se em um galho e comendo. São folhivoras, consumindo grandes quantidades de folhas variadas, com uma digestão lenta que colabora para seu baixo metabolismo. Além disso, buscam ajuda do sol para regular a temperatura corporal.
No dia seguinte: Preguiça no bambu, junto às insetívoras… Era nosso amigo. Perdi o almoço… Ele acabou se escondendo na vegetação e sumiu entre as hastes do bambu. Algas crescem em seu pelo, que tem estruturas que parecem desenvolvidas para isso, ajudando a mimetização com as plantas.
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No fim de semana, lá estava ele, em pleno Lago Frei Leandro, enlouquecendo o Voluntário Bruno Valle, que tentava convencer as pessoas que não deviam aproximar-se da preguiça. Gente, fala sério: Não é pra chegar perto e nem tocar nos animais! Eles não gostam!
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Aí na 2ª feira tive que ir a uma super-reunião no Centro da Cidade e perdi a ação…
Fiquei acompanhando pelos posts no Whatsapp, que me salvaram do tédio do metrô encalorado…
Por volta das 14 horas houve o chamado:
O preguiça resolveu passar exatamente no meio das plantas. Subiu em uma árvore e no telhado, sem conseguir se prender nas telhas, lisas demais pra isso, e quentes. O telhado devia estar pegando fogo com o sol que batia ali… Aí se prendeu nas ripas debaixo das telhas… Foi a hora que o Caco pode ajudar, como sempre, com uma bem bolada gambiarra.
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Pra quem não sabe, gambiarra, essa essencial parafernália modificada, imprescindível no trato com animais selvagens, pertencendo à família das traquitanas e invencionices, é uma solução perfeita realizada com o que se dispõe no momento mais uma dose generosa de inteligência e imaginação, junto com habilidade motora e improviso… E o Caco Sawczuk é conhecido como o Rei da Gambiarra…
Um bambu do tamanho certo e uma escada de ferro, alguns jardineiros bem dispostos e muuuuita paciência, demoraram, mas fizeram uma ponte do telhado para a liberdade. Ela demorou bastante e a traquitana teve de ser reposicionada, mas funcionou… Preguiças são “determinadas” e, lentamente acabam conseguindo seu intento.
Uma vez de volta ao chão, nosso vagaroso herói seguiu derrubando vasos em direção ao seu destino.
Ele tinha um objetivo claro: depois de 1 semana “causando” pelo arboreto, em aparições especiais, ele queria sua Mata Atlântica…
Espero não vê-lo tão cedo… Mas vou morrer de saudades…
Alguém tem sugestões para o nome? Eu pensei em Sid…
Você pode votar nos nomes que sugerimos ou criar um nome. Os 8 primeiros que forem sugeridos serão colocado para a votação.
Muito bom !
Obrigada, Plinio!! Você não quer dar um nome pro preguiça?
🙂